quarta-feira, 8 de junho de 2022

Ineficiências, Eficiências, Diversidade

 


Encontro Instituto Langague – Artigo Shirley A. R. Menezes

Ineficiências, Eficiências, Diversidade

Shirley A.R. Menezes*

Quero iniciar partindo de uma base da etimologia das um palavras “ineficiência, Eficiência, diversidade”, vamos entender o que há por detrás dessas 3 palavras, que se assemelham em algum momento, mas que se distanciam totalmente do outro. A palavra Ineficiência (subs. fem.)  - origem – Etim. in- +eficiência.  Que significa falta de eficiência; imprestabilidade, inutilidade. Eficiência (subs. fem.) Etim. lat. Efficientia, ae ‘id.’, prov. sob o influxo do ing.efficiency ‘id.’. Que significa -1) poder, capacidade de ser efetivo; efetividade, eficácia. 2) virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios. Diversidade  (subs. Fem.) – oriegem – Etim lat. Diversitas, ãtis ‘diversidade, variedade, diferença’. Que significa – 1) qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado; variedade. 2) conjunto variado; multiplicidade. 3) desacordo, contradição, oposição. 4) Ecologia – Índice que leva em conta a abundância e a equitabilidade de uma comunidade. 

Notem que ambas as palavras trazem em sua concepção o negativo e positivo, o qualificado e o desqualificado, o bom e o ruim, ou seja, uma ideia daquilo que presta e o do que não serve para nada. E correlacionar tais palavras a deficiência, caímos em uma visão popularmente disseminada que reverbera até hoje em nossa sociedade. De pessoa com deficiência é igual à: coitadinho, aberração, inútil, incapaz, limitado, bizarro, e/ou herói, lutador, especial, anjo, guerreiro e assim por diante. Todos termos capacitistas, que qualificam a pessoa com deficiência por aquilo/aquela coisa que a difere das demais. A concepção de normalidade precisa acabar. E o que é normal? Na etimologia a palavra vem do latim normalis feito do instrumento para fazer ângulos - normal também é visto como sadio natural. Sendo assim, a ideia de normalidade vai depender da ideia de anormalidade para existir. A existência para ser perfeita tem que apontar para corpos não perfeitos, ela surge no contraste e na negação dos outros. 

É por todas essas perspectivas que precisamos questionar os termos ineficiência, eficiência e diversidade... Essas palavras viraram métricas e isso tudo parte de um lugar criado, que emerge de uma concepção violenta de várias maneiras. Sendo assim, avaliar tais palavras se faz necessário para refletirmos, e ressignificar as narrativas que envolvem as pessoas com deficiência, e o seu ser no mundo. Pois, o vir a ser das pessoas com deficiência, esbarra na ideia criada socialmente sobre esses sujeitos, que é a de que “a deficiência se deriva de uma construção social, que emerge de um modelo médico naturalista, de inadequação, tendo como principais características s dominação”. Nota-se que a concepção déficit ou deficiente foi criada para aprisionar sujeitos, que não se enquadraram na métrica de normalidade, que a sociedade historicamente construiu, e mesmo com a evolução e a tão exaltada globalização, ainda assim o meio busca formas de domínio, criando uma concepção de perfeito e imperfeito, de bonito e feio, de pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, e assim por diante.

O ideal seria pensarmos a pessoa com deficiência a partir de uma perspectiva do Construcionismo Social, com a lente da pluralidade para se observar como um fenômeno que é, de variados pontos de vistas, que vai se aproximar e distanciar-se, enfatizando a possibilidade de evolução dentro daquilo que lhe é possível e desejável. 

A conscientização se faz necessário por que quando desconhecemos as pluralidades ferimos pessoas, e para não ferir pessoas precisamos nos colocar em movimento, ou seja, sair da nossa zona de segurança e caminharmos rumo ao conhecimento de novas formas de existência. Pois quando nos limitamos a uma única forma de viver, que é a que nos cercam, com certeza limitamos a possibilidade de ampliar nossa forma de olhar o mundo. Mas também para se lançar a essas experiências se faz necessário, nos desprendermos de preconceitos, paradigmas, padrões familiares e sociais. Esse é o caminho da mudança social, para o diverso, não apenas para com as pessoas com deficiência, mas para com todos, todas e todes. 

Trazendo um pouco da estatística

Segundo a ONU - Organização das Nações Unidas, 1 bilhão de pessoas no mundo possuem algum tipo de deficiência. No Brasil estima-se que mais ou menos 46 milhões têm algum tipo de deficiência. No censo de 2010, 24% da população brasileira se autodeclara com algum tipo de deficiência. E segundo dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde de 2019); 7,8 milhões, ou seja, 3,8% da população acima de 2 anos de idade, apresentam  deficiência física nos membros inferiores, e 2,7% nos membros superiores; e 3,4% dos brasileiros são pessoas com deficiência visual; sendo  que 1,1% são pessoas com deficiência auditiva; e 1,2% ou 2,5 milhões da população brasileira são pessoas com deficiência intelectual. Partindo dessas informações é possível observar que o percentual da população com alguma deficiência no país é bem considerável. 

Estatísticas X Interseccionalidades 

Segundo dados da mesma pesquisa, quando falamos de interseccionalidade dentro de uma concepção estatística, nota-se que os grupos considerados minorias, acabam sendo maioria no que se refere às intersecções, um demonstrativo disso é que: “a) 56% da população do brasil é preta; b) 51% são mulheres; c) 24% são de pessoas com deficiência; d) 10% se identificam como LGBTQIA+; e) onde 0,4% da população indígena”. E entre esses números quando falamos de gênero da população com algum tipo de deficiência: “10,5 milhões são MULHERES (9,9%)”. 

E quando pensamos em mulheres com deficiência, emerge dela a questão da vulnerabilidade feminina juntamente com a vulnerabilidade da pessoa com deficiência, são intersecções que se complementam, e que intensifica as adversidades nesse contexto, afinal são duas características carregadas de estigmas. A solidão e falta de assistência que a mulher com deficiência experimenta é consideravelmente, um aspecto alarmante para a ocorrência de abuso sexual, violência doméstica, dentre outras violências.  Em contrapartida, o número de homens com deficiência é de 6,9%, ou seja, 6,7 milhões, quantidade menor que de mulheres, isso não significa que os homens não sofram com as barreiras arquitetônicas e atitudinais da sociedade, porém, a possibilidade de homens se relacionarem com mulheres que vão auxiliá-lo no cotidiano é muito maior do que mulheres encontrarem parceiros que as auxiliem sem cometer abuso contra a mesma. Isso está ligado a cultura patriarcal, onde homem para se validar acaba sendo abusivo em suas relações mais próximas. E por a mulher ser sempre colocada nesse lugar de cuidadora, ela enfrenta uma relação com uma pessoa com deficiência de forma mais maternal. 

E quando falamos de etnias, os números também mostram que alguns grupos apresentam porcentagens maiores que outros. Quando falamos de pessoas com deficiência pretas o número é de 9,7% da população, afinal, as pessoas pretas são o grupo com maior vulnerabilidade dentro da nossa sociedade, visto que é o grupo que também mais sofre com a violência do sistema, um dos fatores para também adquirir uma deficiência. Este fator também pode estar ligado à questão de estarem em grande parte nas periferias, onde é o sistema de saúde que mais negligencia as gestantes, e onde o nascimento de crianças com deficiência ocorre por falta do exame pré-natal, por exemplo. Tais pontos são ainda muito pouco discutidos pela sociedade científica, porém se faz necessário compreender por quais motivos um determinado grupo está tão vulnerável às deficiências. 

Já em relação a população autodeclarada parda, o número é de 8,5 % de pessoas com deficiência, ainda podemos considerar o alto índice. E de pessoas brancas o número é de 8% da população de pessoas com deficiência. 

 

MULHERES X DEFICIÊNCIA X NEGRITUDE 

Os índices de violência doméstica contra as mulheres com deficiência são absurdos, e as que mais sofrem com esse tipo de violência são as mulheres negras. A solidão da mulher negra com deficiência é um tema que vem sendo discutido muito atualmente, visto que as mídias sociais têm dado espaço para essas mulheres contarem seus sofrimentos e dores. Se essa solidão vivenciada por mulheres negras sem deficiência já é muito grande, o índice de mães solo negras é gigantesco, em comparação às outras mulheres. As mulheres negras estão à margem da sociedade a muito tempo, vivendo de subempregos. Nos ultimos meses houve várias denúncias de mulheres vivendo em situação análoga a escravidão, que foram resgatadas, e isso nos dá dimensão de tamanha vulnerabilidade da mulher negra no Brasil. Em média de 40% a 68% das mulheres com deficiência vão sofrer algum tipo de violência sexual, antes dos 18 anos. Um índice alarmante de vítimas, que em sua maioria acontecem dentro do ambiente familiar, ou de cuidado dessas mulheres. 

E o caso se agrava quando os movimentos não conseguem incluir as pessoas com deficiência, em especial as mulheres. Será que os movimentos feministas já pensaram nos atravessamentos que as mulheres com deficiência enfrentam? Os grupos anti racistas estão incluindo as Pessoas com Deficiência?


Uma Psicologia Capacitista 

Apesar de pautar-se pela premissa dos direitos humanos, a Psicologia ainda tem uma dívida com a pessoa com deficiência. Pois, em estudo sobre o tema, trata-se de pesquisas baseadas no modelo médico de atenção à pessoa com deficiência; e são poucos e ineficientes os estudos feitos pela psicologia sobre aspectos emocionais da pessoa com deficiência, por exemplo. O que significa que mesmo a psicologia sendo a ciência que se ocupa em compreender aspectos emocionais dos sujeitos e a forma como o mesmo se relaciona com o mundo; notamos que essa ciência se ocupa muito pouco de entender as experiências emocionais e afetivas das pessoas com deficiência com o mundo de uma maneira geral; e em sua maioria só se ocupa de pesquisas que fortalecem tratamentos, e métodos para reabilitação, e terapias para adequação desses sujeitos para o meio. 

Esses métodos acabam se popularizando em meio aos profissionais da área da saúde, chegando ao conhecimento popular com promessas de consertar aquilo que consideram inadequado aos olhos da maioria: as deficiências. Um exemplo é o método terapêutico ABA vem de Applied Behavior Analysis, traduz-se Análise Aplicada do Comportamento (MELLO, 2004, apud SANTOS, 2015), que trata-se de uma ferramenta com diversas aplicações, voltadas para pessoas com Espectro Autista. É mais uma de tantas ferramentas utilizadas por muitos psicólogos, nos atendimentos de sujeitos autistas. Vale ressaltar que eu não estou invalidando as ferramentas ou terapias disponíveis pela psicologia para qualificar a atuação dos profissionais, mas sim a padronização de sujeitos que são pensados apenas a partir de um CID. 

Todos esses métodos serão mais efetivos quando esses sujeitos passarem a ser olhados a partir de uma perspectiva das pluralidades, e a interseccionalidade que estão inseridos. Porém, ainda hoje, em 2022, a Psicologia ainda se ocupa pouco dessa temática, e ainda temos um domínio de atuação dos profissionais que se aprofundam no tema os das áreas, ciência sociais, fisioterapia e enfermagem.  Sendo assim, a psicologia de um modo geral vem pecando em sua atuação quando se trata da pessoa com deficiência e os pressupostos de prevenção e promoção da saúde mental, como ferramenta para todos os seres. 


UM OLHAR PARA AS RELAÇÕES DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

As complexidades que permeiam as formas que se apresentam as relações das pessoas com deficiência, estarão relacionadas conforme esse sujeito for atravessado por questões da cotidianidade como desafios a serem superados. Ou seja, a experiência relacional de uma mulher negra com deficiência, vai se dar de forma diversa de uma mulher com deficiência branca. Claro que os impactos da deficiência e de ser mulher vai significar o mesmo de certa forma para ambas as partes, porém, o atravessamento existente na mulher negra vai vir carregado de questões histórico, social e cultural, que não podemos mais desconsiderar. 

E analisando a pessoa com deficiência se faz necessário considerar as especificidades, que dela vai surgir, considerando as características individuais de cada um. Faz-se necessário reforçar que a deficiência (como uma característica) como pano de fundo e o sujeito (o ser além da deficiência) como tema. 

Sendo assim, a compreensão e validação das especificidades que vai permear as relações das pessoas com deficiência pode ampliar também o movimento anticapacitista e as ações voltadas para a inclusão. Pois, o movimento anticapacitista vai muito além do que conscientizar o poder público sobre questões de acessibilidade arquitetônica, mas precisamos conscientizar toda a sociedade sobre a acessibilidade atitudinal, ou seja, fomentar o desejo de incluir INTEGRALMENTE as pessoas com deficiência. 

Vale também ressaltar que a palavra incluir não é a que mais me agrada nesse contexto, pois quando incluo demando estar fora, o que caracteriza está fora de um padrão considerado aceitável. E pensando a deficiência a partir de uma visão pós moderna como mais uma característica do sujeito, não faria sentido incluí-lo, pois esse já se encontra incluído, quer queiram, quer não. Mais partindo de atitudes menos segregadoras à existência da pessoa com deficiência deixaria de ser um desafio, e seria uma existência natural e potente dentro de cada possibilidade. 

Além disso também: “podemos diminuir as complicações emergentes desse tema quando a deficiência passa a ser pensada como sendo apenas mais uma das características do sujeito, retirado assim, os aspectos dominantes das deficiências, que surgem carregadas de significativos que os padronizam, (MENEZES, CERTEZA, 2021)”.


O Não Ser no Mundo...

Para entendermos, o não ser no mundo, recorro também a GOFFMAN, (1988): “estigma, a pessoa é reduzida à condição dita negativa, na sua relação com os outros e com os diferentes contextos”. O que desqualifica a pessoa com deficiência e a todos aqueles que se apresentam ao meio social de maneira diferente do convencional, este meio (sociedade) vai determinar a funcionalidade desse indivíduo, padronizando-o de acordo com aquilo que vai render ou custar ao meio (estado), o sistema, no qual irá interagir. Podendo esse indivíduo nem apresentar dificuldades para estar em sociedade, mas mesmo assim esse meio o impõe limites. Limites que acaba por aprisioná-lo tanto no que se refere suas ações como em sua psique, que é um tema a ser discutido posteriormente. 

No último ano foi comemorado os 30 anos da Lei de Cotas da Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência. Mas apenas 1% das carteiras assinadas no Brasil  são de Pessoas com Deficiências. E apenas 6% das pessoas com deficiência têm ensino superior, sendo que 61,13% não possuem instrução nem uma.

Quando partimos das definições técnicas, podemos constatar que a deficiência é posta como uma anomalia que incapacita e impede o sujeito. Dessa forma, a nomenclatura, faz com o que indivíduo experimente além da solidão pré-existente o “ser pessoa com deficiência”, leva a experimentar também o não ser no mundo, pois mesmo existindo, não se encontra pertencente ao sistema, sendo respeitado integralmente como é, e na maioria dos casos o sistema familiar é um dos muitos organismos que o rejeita. 


A Família como um das Interseccionalidades


O sistema familiar da pessoa com deficiência tem papel fundamental na forma como este indivíduo vai se relacionar com o meio, e como vai se apresentar ao mesmo.  Interferindo diretamente na maneira como o mesmo vai se relacionar afetivamente, profissionalmente, e com o social, tendo impacto nas relações cotidianas do mesmo. 


E a forma como essa família é impactada pela deficiência será fator determinante no que se refere a maneira que esse sujeito vai se relacionar, e se apresentar para o meio. Compreende-se que uma família jamais irá idealizar ou imaginar a chegada de um integrante com deficiência, em especial em uma família que está se iniciando. Quando se pensa em planejamento familiar, pode até acontecer que no processo de gerar e/ou de espera de um filho, por exemplo, possa surgir um temor nesse sentido, mas é algo que será repreendido imediatamente. No caso um casal/família nunca estará preparado para tal acontecimento, pois a chegada de um filho com deficiência gera impacto não apenas na família nuclear, mais todos aqueles que tenham qualquer relação com esse grupo, dentro de uma perspectiva sistêmica, afetando em especial a pessoa com deficiência. E a forma como esse sistema vai se comportar, será determinante para que a deficiência seja vista apenas como mais uma das tantas características do sujeito, ou como um fator determinante para sua exclusão do meio social e relacional. 


Tendo a deficiência um viés de construção social, ou seja, a forma que esse meio entende a deficiência, vai determinar como ele irá se portar frente a chegada de uma pessoa com deficiência. O fato é que a existência desses sujeitos será determinada por dois aspectos essenciais, a família e a sociedade, um determina o outro. 


E sendo a deficiência um aspecto de crise no que se refere a família, e defini-se: “crise “um estado de coisas no qual é iminente uma mudança decisiva num sentido ou noutro”. “E ela acontece no momento em que uma tensão afeta o sistema e requer uma mudança que se afasta do repertório usual sistêmico, um estado de crise é assinalado por mudanças não específicas no sistema” (PRADO, apud Cerveny, 2013). 


Sendo assim o sistema que se depara com um membro com deficiência, pode não abandonar esse sujeito, porém rejeita o mesmo em sua condição, assim se dá início a uma busca incessante de corrigir aquilo que considera não adequado, como as várias terapias que as crianças com deficiência são submetidas, na busca de uma reabilitação do que é déficits, porém na maioria das vezes, esses tratamentos não estão nem um pouco voltados a qualidade de vida do sujeito. São poucas as terapias que estão realmente preocupadas com o bem estar emocional e psíquico da pessoa com deficiência. Infelizmente, o que predomina ainda, no tratamento das pessoas com deficiência é o modelo médico, que está mais preocupado em consertar aquilo que consideram inadequados e ineficientes. 


Portanto, a luta anticapacitista, não encontra-se voltada apenas a aspectos ligados à acessibilidade, mas também a fatores interseccionais, onde esse sujeito será pensado e estudado em sua integridade, pensando o fenômeno da deficiência de um lugar diverso e plural. Considerando tudo que emerge de cada existência, fugindo de padrões e aspectos que se limitam a qualificá-lo de qualquer forma. 


Quais os aspectos que fazem da existência da pessoa com deficiência extremamente complexo?

Falta de acessibilidade é o cerceamento de direitos, não é apenas quando uma pessoa com deficiência não consegue entrar em algum lugar, por exemplo, mais quando essa pessoa não pode ir ao posto de saúde do seu bairro buscar atendimento médico desacompanhada, pois não tem nem um profissional com conhecimento da Língua brasileira de sinais Libras, se a mesma for surda. 

O Capacitismo, processo desconhecido ou que passa despercebido pela maioria das pessoas com deficiência e de suas e famílias, que é a discriminação ou preconceito social com a pessoa que tem algum tipo de deficiência, é uma forma de opressão com esses sujeitos que afeta a todos de seu convívio. É considerada uma forma de opressão que define o sujeito por sua capacidade, que na maioria das vezes é desconhecida, pois não é por que alguém tem uma deficiência, será incapaz ou ineficiente. Normalmente as pessoas com deficiência são qualificadas pelo meio social com base na deficiência que apresenta, essa concepção surge de um processo histórico, e é reforçado culturalmente até os dias de hoje. 




Conclusão 

Conclui-se que a questão da interseccionalidade é uma pauta que ainda precisa ser muito discutida e analisada. E que a psicologia precisa retratar-se com as pessoas com deficiência. As características de atravessamento que as pessoas podem experiência, em especial as pessoas com deficiência, levantam discussões acerca do que alguns grupos podem passar, quando falamos de discriminações e preconceitos estruturais. O fato é que nem as ciências que se ocupam de analisar demandas específicas das relações, ainda não se debruçaram de forma significativa quando o assunto é pessoas com deficiência e as interseccionalidades que possam experimentar. O atravessamos são podem ser tão intensos que irão interferir em todas as áreas da vida de um sujeito afetado por estas questões. Tais apontamentos se dão também por experiências de pessoas com deficiência.

 

AUTORA DESTE ARTIGO:

*Shirley Aparecida Rocha Menezes Bacharel em Psicologia pela Universidade de Taubaté (SP), com especialização em Psicologia Sistêmica e ênfase em Terapia e Orientação Familiar e Psicologia Jurídica pela Faveni, cursando pela Facuminas Programação Neurolinguística (PNL), Terapia da Constelação Familiar Sistêmica, Psicomotricidade. Como mulher negra com deficiência, foi Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Taubaté desde 2019 até 2021. É professora no Curso: “Diversidades - Aspectos da Deficiência na Prática”, realizado pelo Instituto Sedes Sapientiae. Participa do grupo: “Mapa pela Educação do Plano Municipal da Educação Inclusiva”. E atua como moderadora e palestrante em encontros com temáticas sobre: racismo, feminismos plurais, questões de gênero, LGBTQI+ fobias, educação inclusiva, movimentos sociais e políticos na área de inclusão, além de aspectos da psicologia. 

E-mail: shirley.psic6@gmail.com/shirley.psic6@outilook.com

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Facebook: Shirley Rocha Menezes Psicóloga 

LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/shirley-menezes-36583270


Referências:

MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi. A importância das relações familiares para a sexualidade e a autoestima de pessoas com deficiência física. Psicologia. com. pt-O Portal dos Psicólogos, 2010. Disponível em <https://scholar.google.com.br/scholar> acessos em 16 de março de 2015.


CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira, Organizadora – Família e --: comunicação, divórcio, mudança, resiliência, deficiência, lei, bioética, doença, religião e drogadição/ São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013. 

GOFFAMAN, Erving. - Estigma – notas sobre a manipulação da identidade –  Tradução: Mathias Lambert -  2004.


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